O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) enviou neste sábado (31) um pedido ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitando a reconsideração de sua decisão que impõe uma multa de R$ 50 mil para usuários que utilizem VPN (Rede Virtual Privada) para acessar a plataforma X, que foi suspensa no Brasil.
A Medida de Moraes e a Resposta da OAB
Moraes ordenou a suspensão da rede social X no Brasil na última sexta-feira (30), devido à recusa da plataforma em nomear um representante legal no país. Além disso, o ministro impôs a multa diária de R$ 50 mil a qualquer pessoa que tentasse contornar essa decisão usando uma VPN.
A OAB argumenta que a imposição da multa, de forma ampla e generalizada, representa uma afronta aos direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal, especialmente ao princípio da legalidade e ao direito ao devido processo legal. Segundo a OAB, uma sanção como a aplicação de multa deve ser precedida de um processo legal que assegure ao indivíduo o direito à ampla defesa e ao contraditório.
Críticas à Proibição Generalizada
O documento enviado pela OAB, assinado por 32 advogados, critica a medida de Moraes como uma “proibição genérica e indeterminada”. A Ordem ressalta que tanto o enquadramento de uma conduta como ato ilícito quanto a aplicação de multa precisam estar claramente previstos em lei. A OAB sustenta que uma decisão judicial não pode criar novos atos ilícitos ou prever punições sem a devida base legal.
A OAB pede, portanto, que Moraes reconsidere a decisão, destacando que a medida tem o potencial de impactar um número indeterminado de pessoas que não estão diretamente envolvidas no processo. Para a Ordem, a aplicação de multa ou qualquer outra sanção de forma genérica e abstrata é desarrazoada e desproporcional.
O pedido da OAB ocorre em meio a um cenário de tensão crescente entre a plataforma X, de propriedade do bilionário Elon Musk, e as autoridades brasileiras. Moraes justificou a suspensão da rede social alegando que ela estava sendo usada para promover discursos de ódio e interferir nas eleições municipais de 2024. A empresa se recusou a cumprir a ordem de designar um representante legal no Brasil, desafiando diretamente as leis locais.
A OAB espera que, ao reconsiderar sua decisão, Moraes garanta o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros, evitando sanções que possam ser vistas como abusivas ou arbitrárias.